Páginas

domingo, 27 de outubro de 2019

Entrevista com o autor convidado André Comanche — Conhecendo o autor

Blog Arte da Literatura. Debora Sapphire
Créditos da imagem @4focos | retirada o perfil do autor @do.conto.ao.traco

Entrevista: Conhecendo o autor.

Apresento a super novidade dessa entrevista realizada com o autor convidado da semana. Para conhecer melhor o trabalho do autor, acesse o perfil dele do Instagram @do.conto.ao.traco.

 Primeiramente, conte-nos um pouco sobre o autor e aventureiro contador de histórias que vive em André Comanche. Como por exemplo.: uma breve biografia, seus livros escritos e gênero dos livros que escreve, ou pretende escrever.

Olá, muito obrigado pela oportunidade. Fui uma criança muito curiosa. Nasci com uma sede insaciável por expressão gráfica, desenho desde pequenino. Dessa necessidade surgiu o interesse por quadrinhos. Da leitura de quadrinhos fui para os livros e nunca mais parei. A leitura é uma religião para mim, quando passo muito tempo sem ler fico mal comigo mesmo. Quando adolescente conheci os jogos de imaginação, chamados de RPG. Os de mesa, com amigos e dados. Neles, existe um narrador oral, chamado de ‘Mestre’ e os jogadores. Eu não gostava de jogar, sempre brigava para ser o ‘Mestre’. A temática era sempre voltada para a fantasia medieval, emulando os universos como o de O Senhor dos Anéis, etc. Aos 13, coloquei a história de um RPG que criei no papel e escrevi meu primeiro livro. Contava a história de uma vila élfica assolada pelo exército de um Dragão milenar, e coisa e tal. Já adulto, depois da faculdade, comecei a levar o desenho e a escrita à sério, procurando me profissionalizar. Meu primeiro conto foi publicado numa antologia da editora Lendari e se chama ‘Morte em 140 caracteres’, e foi indicado ao prêmio ABERST 2018 de melhor Conto de Suspense Policial.
Não ganhei, mas foi uma experiência sem igual conhecer tantos autores nacionais incríveis. Em 2019, lancei meu primeiro livro, infantojuvenil. ‘O dia em que minha vó me apresentou a morte’ conta com seis contos de mistério e imaginação envolvendo crianças se metendo em aventuras com perigos reais. Digo reais porque os contos se baseiam nas minhas aventuras quando era moleque. Achei que deveria homenagear o garoto divertido e inventivo que eu fui. Devo o que sou hoje a ele.

Onde encontrou a sua maior motivação para escrever um livro?

Minha cabeça é um caos. Eu tenho muitas ideias a todo momento para livros, contos, desenhos, etc. Se eu não colocar para fora, fico doente de alma. Eu tenho dezenas de cadernos com rascunhos, desenhos, coisas soltas, livros por nascer. Uma hora isso tinha de transbordar para o mundo real, de uma forma profissional. Em 2019, tomei coragem, me organizei e lancei o primeiro de muitos.

 Qual é a sua maior inspiração quando está escrevendo? O que te inspira a escrever?

Eu consumo arte o tempo inteiro. Não só literatura. Assisto filmes, desenhos, séries, jogos de vídeo game, livros de poesia, etc. Todo esse material nutre minha mente e a enche de referências inconscientes, formando uma biblioteca simbólica que acesso quando preciso. É claro que a literatura é a coisa mais substanciosa que um autor precisa consumir, deixando claro. E não só livros do gênero favorito, é preciso ir aos clássicos. Machado, Kafka, Dostoiéviski, tento ler de tudo. Fora tudo isso, é fundamental sair com os amigos, cuidar de algum animalzinho de estimação, criar plantas e sair para caminhar ou mesmo ficar no ócio. É preciso equilíbrio. É nos passeios que observo o comportamento e analiso as conversas das pessoas nas outras mesas. Sim, eu faço isso, mas é por um motivo nobre.

 Como autor, diga uma mania que você tem quando está criando uma nova cena na narrativa?

Gosto de pensar no livro como a soma de pequenas unidades narrativas. Minha cabeça estrutura as cenas primeiramente como um roteirista. É preciso criar um motivo para a cena existir e ela precisa ter início meio e fim. Com o roteiro esboçado entra a arte de escolher as palavras corretas para despertar as emoções corretas. Dosar a medida de descrição, a pitada de sensações que os personagens estão transparecendo, o exato momento da ação, etc. Como numa receita culinária. Se você exagera num ingrediente, põe a perder o prato.

Você sequer imaginou, que um dia veria seu livro na V Bienal do Livro de Itabaiana? Conte um pouquinho de como foi ter essa experiência. Você já tinha participado de um evento como esse antes?

Nunca imaginei, de jeito nenhum. Eu nunca tive o sonho de ser especificamente um escritor. Eu sempre me vi contando histórias, desenhando. Foi uma experiência surreal. Quando você encontra pessoas que se interessam pelo que você tem a dizer, pessoas que querem se envolver com o que você tem de melhor na sua alma, no seu ser. Eu acredito que uma história é a nata do ser, é a sua melhor parte trabalhando para entregar o que de melhor você tem a oferecer. A linguagem artística é a forma mais direta de conectar mentes e corações.

 Conte um pouco sobre a personalidade dos seus protagonistas mirins, dessa turminha de aventureiros do livro? E de como foi escrever todos esses cenários que remetem a sua infância para a trama.

Foi uma experiência deliciosa porque eu pude reviver com riqueza de detalhes os melhores(e mais perigosos) momentos da fase mais mágica da minha vida. Meus personagens são pessoas próximas a mim, então foi muito fácil. Eu tenho uma memória prodigiosa, consigo lembrar da minha infância com muita facilidade. É como se eu sentisse que ela acabou um dia desses. Foi bem tranquilo e divertido todo esse processo.

 Escreva uma citação favorita da sua obra.

“Pensar, criar e desenhar monstros é a primeira forma que a gente tem de se preparar para a vida.”

 Quando está escrevendo, você possui algum ritual diário para separar as coisas em família e o trabalho com a escrita?

Não. Ainda escrevo em meio ao caos do dia a dia, arrancando pedaços de tempo no meio da minha rotina maluca. É algo que eu preciso organizar melhor.

 Qual é a sua hora favorita do dia para escrever?

Noite. É quando eu estou no ápice da minha performance mental. Claro que vai depender se eu tiver um dia cansativo. Mas não há nada que um bom expresso não resolva.

 Você sempre sonhou em ser escritor, ou em um dia poder publicar um livro?

Não, nunca sonhei. Sempre me vi mexendo com arte, desenhando, fazendo uma coisa aqui, outra ali. Apesar de ter escrito um livro aos 13. 

Como amadureceu essa vontade de escrever e publicar um livro? É uma coisa que sempre esteve presente em você?

Não exatamente. Eu sempre me vi trabalhando com arte, até mesmo com música. A literatura acabou assumindo uma força na minha vida que eu não esperava.

Qual é a sua comida, doce e salgado favoritos?

É um clichê, mas a comida que mais me deixava maluco era a da minha avó. A mesma que é personagem do livro. O feijão dela era simplesmente incrível. Gosto muito de hambúrguer, e não morro de amores por doces. Sei lá, açaí pode ser considerado um doce? rsrsrs Sou viciado.

 Compartilhe: qual é a sua cor, série e/ou filme favorito(a)?

Minha cor favorita sempre foi a azul. Série eu fico com uma trinca: Black Mirror, Game Of Thrones e Breaking Bad. Meu diretor de cinema favorito é Alfred Hitchcock. De filme eu fico com O Poderoso Chefão, que me impactou muito acerca dos limites da arte cinematográfica, onde ela é capaz de chegar.

Você tem um desenho e/ou história em quadrinhos favorito(a)?

Desenho eu fico com Hora de Aventura e Rick and Morty. Dos desenhos da minha infância, com certeza o destaque fica com Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e Pokémon. O gosto comum de uma criança comum nos anos 90.

 Eu adorei tanto ler o seu livro incrível e cativante, que quando acabei de ler eu fiquei curiosa para saber mais a respeito do processo de criação da obra, pelo ponto de vista do autor. Conte um pouco das curiosidades sobre o livro? Há alguma coisa curiosa que aconteceu, ou pensou, quando estava escrevendo esse livro, que você quer contar aos leitores?

Como eu disse, foi bem tranquilo o processo criativo. Eu tenho experiência em contar histórias oralmente, e transpor para o papel foi apenas uma questão de trabalho braçal. As histórias estavam vivas em minha mente e eu conheço os personagens como ninguém, pois são meus amigos e familiares. Eu tive dúvida em colocar uma certa cena no conto “Todo Sítio tem Mistério”. Ela é até um pouco pesada e bastante nojenta. No fim, decidi colocar e esse se tornou um dos melhores contos. Recebo feedbacks engraçados de pessoas adultas que surtaram lendo a cena, ou que demoraram para dormir depois. É muito divertido ouvir esse tipo de coisa. O livro é uma grande homenagem à minha própria infância e aos meus avós. O livro inicia com um conto em que minha vó é a personagem principal e encerra com um conto em que meu avô tem um papel relevante. Para além disso, acaba se tornando uma homenagem à infância em geral, pois coloquei situações que toda criança brasileira passou nos anos 80/90.

 Conte aos leitores o breve enredo do livro.

O livro é um formado por contos de mistério e aventura, protagonizados por grupos de crianças bem humoradas, criativas e meio malucas. Tem uma pitadinha de terror aqui, uma dose de suspense policial ali, mas no fundo é um livro sobre as descobertas na infância. O valor da amizade, a relação com os animais, a criatividade na solução de problemas do dia a dia, etc. Ele guarda uma doçura que só a infância é capaz de transmitir. Eu digo sempre que é como se fosse Stranger Things no nordeste brasileiro.

Diga: uma qualidade sua que você mais gosta em você?

Sempre coloca a alma em tudo que faço. Só existe arte boa quando ela é feita com sangue, com verdade, quando você está de corpo e espírito envolvido naquilo. Eu sou assim em tudo que faço e amo essa minha característica.

 Conte-nos qual foi uma das suas cenas favoritas que criou e mais gostou de escrever? E também, a cena mais triste, emocionante e a mais divertida, na sua opinião.

A mais divertida foi também a mais assustadora, que tive dúvidas para saber se colocava ou não. Está no conto “Todo sítio tem mistério”, mas não posso falar porque é um baita spoiler. Não creio que haja alguma cena triste em si, acho que existem momentos do livro em que você sente uma comoção, mas sempre de forma doce. As mais emocionantes são as que envolvem meus avós, no final do primeiro e do último conto.

Qual é o seu livro favorito? E quais são os gêneros que você mais gosta de ler?

Crime e Castigo/1984/O Oceano no Fim do Caminho. Essa trinca deixou uma tatuagem no meu jeito de ser e pensar. Leio muito policial, fantasia e ficção científica. Mas também adoro livros de história e filosofia em geral.

 Conte um pouco sobre o seu trabalho como cartunista. Como começou? O que você mais gosta? Fale do seu público alvo.

Começou desde pequeno e eu só fiz profissionalizar mais velho. Eu adoro desenhar para crianças. Quando o desenho vai surgindo numa folha em branco elas ficam em estado eufórico, como se estivessem acompanhando algo mágico, sobrenatural. Adoro provocar isso nelas. Eu tenho uma página de quadrinhos no Instagram chamada @tino.um.cacador.de.si.mesmo, que conta a história de um jovem adulto perdido na vida, no início da faculdade. Criei esse personagem, o Tino, para lidar melhor com meus problemas de ansiedade. Acabei ajudando também um monte de gente. 

 Existe alguma obra em especial que despertou o seu gosto pela leitura e interesse pela escrita?

A série infantojuvenil Vagalume. Lembro como hoje a sensação de ler algo como O Escaravelho do Diabo. Uma experiência única para uma criança. Ah, não poderia esquecer Harry Potter.

 Em poucas palavras: como você descreveria o seu livro: "O dia em que minha avó me apresentou a morte" ?

Misterioso, às vezes assustador, mas no fundo no fundo, uma doçura sem fim. Exatamente como a infância é.

 Em poucas palavras: diga por que as pessoas deveriam ler o seu livro?

Reencontrar-se com sua criança interior e redescobrir alguns valores esquecidos na infância.

 Queremos saber: Como foi escrever o livro "O dia em que minha avó me apresentou a morte"? O que você mais gostou de criar e trabalhar nele?


Retomar as experiências da minha infância e rever amigos queridos que vivenciaram comigo tantos momentos bons.

 Apesar da jornada árdua que é escrever, além de prazerosa e libertadora. Já enfrentou algum bloqueio criativo no processo de escrita? Se sim, o que ajudou a resolver esse problema? Deixe a sua dica para quem está passando por isso.

Felizmente, nunca passei por bloqueio criativo. Mas acho que o ideal é sair para uma caminhada, assistir a um filme ou ler um livro.

 Em apenas uma única palavra, descreva o livro "O dia em que minha avó me apresentou a morte":

Nostálgico.

Agora conte para nós: um sonho realizado e deixe um agradecimento.Com certeza lançar um livro e ganhar leitores.

 Deixe um breve recado para os seus leitores.
Espero que vocês tenham encontrado a criança interior de vocês, através do meu filhote. Esperem que o segundo livro está chegando por aí. Um conto de fadas com direito a bruxas, dragões e um vilarejo.


Fim. Agradeço pela atenção.

Nós que agradecemos, autor.
 Abraço.

E por hoje isso é tudo, pessoal! Espero que vocês tenham gostado da entrevista com o autor. Lembrem de me contar aqui nos comentários.

Deixarei o link para acessar o livro em formato digital (e-book) na Amazon Kindle para comprar e ler no Kindle (leitor digital) ou no aplicativo de celular Amazon Kindle e tablet e/ou computador de sua preferência. Boa leitura!

E aí, gente! Curiosos para ler o livro do autor?
Clique abaixo.

14 comentários:

  1. Acho que os autores tem mesmo que buscar inspiração em várias fontes, acho que jogar RPG faz parte de criar mundos e aventuras e ajuda bastante nisso!
    Parabéns pela entrevista, ficou bem legal!
    Abraços
    Liv

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Primeiramente, muito obrigada! Fico feliz que tenha gostado da entrevista. E super concordo! Não há nada melhor do que cultivar um tempo para exercitar a imaginação, não é mesmo?

      Excluir
  2. Que bacana a entrevista. Sempre é muito bom conhecer um autor nacional e achei incrível a trajetória do André.
    E que capa linda tem o livro.
    Parabéns pela entrevista.

    bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Super bacana mesmo a entrevista com o autor, né? Super concordo com você. Com certeza, é sempre muito bom conhecer um autor nacional. Perfeito que tenha achado incrível a trajetória do André Comanche. Sim, eu acho essa capa super linda e incrível! Muito obrigada pelo carinho. Bjs

      Excluir
  3. Curti demais a entrevista com o autor, confesso que fiquei curioso em dar uma olhada no seu caderno com as ideias que ele coloca.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Adorei saber que você curtiu demais a entrevista com o autor! Né? Gostei bastante dessa sua confissão, porque preciso dizer que eu também fiquei bem curiosa com isso.

      Excluir
  4. Oi Débora, tudo bem? Que entrevista mais incrível. Quantas coisas descobrimos sobre o autor. Achei bem legal que temos várias coisas em comum. Gostar da cor azul, ser fã de Game of Thrones, além da cabeça ser um caos e estar sempre pensando e criando coisas diferentes. Acredita que não paro de pensar um segundo? Tenho ideias de fotografia, de posts, até dormindo haha Um abraço, Érika =^.^=

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Erika. Tudo bem sim. E você? Fico super feliz que achou a entrevista incrível! É sempre muito animador ler esse tipo de comentário sincero e caprichado por aqui. Ótimo que você tenha se identificado em muitas coisas parecidas com o autor. Confesso que eu idem: porque adoro a cor azul ( que é a minha favorita) e sou fã da série Game of Thrones também. Maravilha saber que sua mente está geralmente sempre ligada com ideias e criatividade fluindo e funcionando a todo vapor. Às vezes, eu tenho ideias do nada, durante a madrugada e preciso anotar para por em prática o mais breve possível. Hehe Abraço.

      Excluir
  5. Oi, amiga! Que bonita essa relação do autor com os livros e a escrita! Escrever retornando a momentos próximos, ou parecidos com nossa história de vida é algo que me identifico, pq nos ajuda na transferência de algumas emoções. E sobre colocar alma em tudo que faz, nossa valorizo! Adorei saber um pouco mais sobre o autor, até mesmo pelo fato de eu estar acompanhando aqui suas postagens sobre o material dele, sem contar que super me identifiquei com alguns pontos que ele colocou nas respostas! Amei! Bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Ana! Fico super feliz em saber que você adorou saber um pouco mais sobre o autor e que esteja acompanhando as minhas postagens aqui no blog sobre o material dele. É animador e gratificante saber que você tenha super se identificado com alguns pontos que o autor apontou nas respostas dele. Eu idem.

      Excluir
  6. Nossa que entrevista bacana, adorei as perguntas e as respostas dele. Vou pegar algumas dicas para organizar meu próximo rascunho de livro. Adorei conhecer um pouco mais sobre o autor, bjs.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fico muito contente que tenha gostado da entrevista! Já adorei saber que você irá pegar algumas dicas para organizar seu próximo rascunho de livro. Fico tão feliz em saber que adorou o bate-papo com o autor. Muito obrigada.

      Excluir
  7. Adoro entrevistas com autores, eu que não escrevo, sempre fico encantada ao conhecer o processo de criação de cada um e sempre fico muito curiosa para ler a obra hahaha

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Excelente saber que você adora entrevistas com autores. Porque eu idem! Gosto bastante de poder escrever e editar as entrevistas do quadro do blog: Conhecendo o autor(a), aqui para vocês. Então fico super feliz de ler que sempre fica curiosa para ler a obra depois e que adora conhecer os autores.

      Excluir

Atualizações do Instagram

Topo